Histórico
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A instalação no Museu de Luanda, realizada em 1968, numa altura em que o artista se encontrava em Angola incorporado no exército português no contexto da guerra colonial, marca um momento muito importante no percurso de José de Guimarães e resulta das dinâmicas relacionais entretanto desenvolvidas com a cena artística e intelectual de Luanda. Realizada com meios precários, é um exemplo de engenho ao nível das soluções expositivas: painéis apostos à parede circular do espaço do museu forrados a juta, iluminação autoportante, desmultiplicação do espaço expositivo entre parede e espaço, diversidade de suportes e materiais.De facto, a instalação baseia-se num princípio de diferença e repetição, para citar o tão influente conceito de Gilles Deleuze (no exato ano da edição da seminal tese do filósofo francês), a partir da transferência da imagem de elementos diversos e por vezes repetidos (fragmentos de corpo, algarismos, signos) sobre diversas superfícies (tecido, papel, madeira) e de uma ideia de modularidade que explora mecanismos de combinação, justaposição e sobreposição de objetos (em caixas de transporte, por exemplo, que se viriam a tornar um elemento recorrente e distintivo do vocabulário do artista, e de outros contentores, como uma cabine telefónica). A instalação é elaborada sobre conceitos como nomadismo, transferência, reciclagem, circulação e circularidade.