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Bronze com embutidos de jade e turquesa
A importância dos espelhos no contexto funerário surge ainda durante o Período Anyang da dinastia Shang. Contudo, é durante o Período dos Estados Combatentes, particularmente a partir do desenvolvimento das novas conceções do pensamento confucionista e taoista sobre a vida para além da morte, que os espelhos viriam a ter uma importância substancial, sendo considerados como um portal entre o mundo celestial e o mundo dos homens. Os espelhos serviam para refletir a aparência dos homens, mas também a sua alma e o seu coração. Acima de tudo, o espelho refletia a moralidade do homem e a essência da alma. Na Crónica de Zuo (Zuo Chuan 左传), de 658 a.C., há uma referência a um homem ao qual o Céu o roubou do seu espelho. Este espelho, de forma circular, é decorado com embutidos de turquesa e outras pedras. No verso, junto à decoração, encontram-se três anéis de suspensão, nos quais eram entrelaçadas cordas ou fitas de seda. A decoração consiste em embutidos de pequenos fragmentos de turquesa, formando uma banda junto à extremidade. No interior dessa banda estão embutidas quatro esferas de pedra dispostas de forma quadrangular. No espaço interior, ao centro do espelho, encontra-se uma esfera de pedra, rodeada por quatro motivos de turquesa que relembram o caráter da palavra montanha shan (山). No topo de cada um desses quatro elementos decorativos em forma de 山 encontra-se uma esfera de pedra, formando um segundo quadrado. Na região do antigo Estado de Chu foram encontrados inúmeros espelhos de diversos tamanhos e decorações, alguns dos quais são decorados com a representação quadrilátera do que parece ser o caracter 山. Considerando que para os taoistas a montanha era o lugar onde habitavam os imortais e as grutas das montanhas são portais para o paraíso celeste (dong tian 洞天) parece fazer sentido que se trate efetivamente da inscrição do caracter 山 como representação simbólica de quatro montanhas correspondentes aos quatro pontos cardiais.