Histórico
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Terracota pintada
Em meados do séc. II a.C., o imperador Wu (r. 140 - 87 a.C.) da dinastia Han demonstrou um grande interesse pelo Ocidente, ordenando campanhas de exploração com vista ao estabelecimento de alianças militares que garantissem a hegemonia territorial do império, especialmente junto às fronteiras ameaçadas no norte da China pelos nómadas Xiongnu. Logo nos primeiros anos do reinado do imperador Wu, o general Zhang Qian foi incumbido de procurar firmar aliança com os Yuezhi da Ásia Central. Estas explorações ao Ocidente levaram-no a Ferghana com o objetivo de adquirir cavalos, uma vez que estes eram maiores, mais fortes e mais rápidos que os cavalos nativos da China, cujas caraterísticas eram fundamentais às exigências do campo de batalha. Desde a dinastia Shang (1600 - 1045 a.C.) o cavalo representa um símbolo de prestígio, de força militar, mas também desempenha um papel essencial nos rituais sagrados. Os túmulos reais da última capital dos Shang incluíam sacrifícios coletivos de cavalos sepultados com todos os ornamentos, selas e arreios, ou junto às carroças que puxavam e aos carroceiros que as conduziam. Durante a dinastia Han o cavalo foi determinante no sucesso de campanhas militares e na expansão do território e também nas cerimónias de aparato, nas quais os cavaleiros executavam demonstrações de perícia montados a cavalo, disparando flechas e transpondo obstáculos. O imperador Wu considerava os cavalos não apenas como uma vantagem na estratégia militar e como um elemento fundamental do ponto de vista da demonstração do poder, mas sobretudo apreciava-os pelas suas propriedades místicas, acreditando que o Cavalo Celestial (Tian ma 天马) poderia torná-lo num imortal, transportando-o até às Montanhas Kunlun onde habita Xi Wangmu, a Rainha Mãe do Ocidente. No contexto funerário o cavalo surge representado como símbolo da liberdade, de montada dos espíritos e de elemento axiológico entre a Humanidade e os Céus.