O futuro é plural. Na arte como no mundo. É esta polifonia que vibra nos espetáculos que compõem o festival GUIdance 2024, com presença de criadores que trazem diferentes tonalidades para a eloquência do corpo. Nesta edição, o destaque vai para África – de que dão conta, em abordagens muito distintas, os espetáculos “Bantu” de Victor Hugo Pontes; “Time and Space: The Marrabenta Solos” de Panaibra Canda; “Boca Fala Tropa” de Gio Lourenço ou “.G Rito” de Piny – e para a Ásia – com particular foco em Taiwan, com as apresentações “Beings” de Shimmering Production e “bulabulay mun?” do Tjimur Dance Theatre. Mas há muito mais, uma pluralidade de visões de ser, identidades, corpas, experiências musculares e sensíveis, que expressam um pulsar inspirador de um mundo de utopias já concretizadas que estão além da normatividade, do lugar-comum, e da lógica redutora do pensamento e saberes capitalistas ocidentais. Estas danças e estas pessoas com as suas danças trazem sonho à realidade vivente. Ou seja, permanecemos aqui, neste território onde os radicalismos, a opressão, a guerra, as desigualdades e a crise climática existem. É aqui e neste hoje que habitam estas criações. Mas não estamos condenados a permanecer neste aqui e neste lugar. Cabe a cada pessoa participar da mudança. A presença mais eurocêntrica neste programa, que marca o regresso de Wayne McGregor ao GUIdance, “UniVerse: A Dark Crystal Odyssey” é exemplo disso mesmo. Fala de um planeta à beira da extinção, face à dramática crise climática e humanitária. Entre o documentário e a ficção, cria uma nova eco-mitologia. Nestas conversas, como nos espetáculos, tocamos com intimidade nesta possibilidade de convocar outros saberes para em conjunto abrirmos a possibilidade de construir uma outra estranha forma de viver. Mais justa, mais ecológica e mais amorosa. Porque: O futuro é plural. Na arte como no mundo.