7 MAIO — 18 SETEMBRO
“Voz Multiplicada” reúne um conjunto de artistas que exploram a substância narrativa da voz ou que entendem o museu como um espaço de ressonâncias, singularidades e distorções. “Voz Multiplicada” evoca também o tempo da escuta e da fala no museu.
Nos últimos dez anos, o CIAJG consolidou um projeto cultural que alia experimentalismo, liberdade e rigor, a partir do trabalho de José de Guimarães e das suas coleções.O ciclo artístico que deu o mote inicial – “Para além da história”, imaginado por Nuno Faria – lançou a ideia de um “museu-labirinto” que se propôs “reencantar” a nossa percepção, a partir das coisas visíveis e invisíveis. Mais do que um programa de exposições, o CIAJG afirmou, nesses anos, a ideia de encontro enquanto ritual. Entre artistas e públicos, entre as gerações precedentes e a nossa.
Recentemente, sob o signo incerto da pandemia inauguramos um novo momento do CIAJG que é a soma do que vem de trás, e que acrescenta outros rumos e outras visões. “Nas margens da ficção”, o título do atual ciclo artístico, coloca as ficções no centro das nossas reflexões. A ficção que possui o seu próprio real, e nos faz experimentar novas formas de nos relacionarmos, no contexto de um mundo em crise. Imaginar o futuro do CIAJG, é querer construir novos significados com o léxico que foi semeado: encantamento, história, ficção... E afirmar o ritual do encontro como possibilidade de ativar o museu, dando voz às vozes.
Por isso, em 2022, insistimos e perguntamos:
Onde estamos agora? Dez anos depois?
Que museu para que futuro?
Como permanecer e renovar quem somos e o para que somos?
Que ruinas abandonar
para aproximar o que é distante ou nos separa?
Um museu a pensar-se na crise dos objectos
Um museu a pensar PALAVRAS, DESVIOS DE SENTIDO
Reunir o que está fragmentado. Reparar.
Quando a arte falha, a fala falha? A fala que diz os objectos, os nomeia.
Dez anos depois, este museu recoloca a questão:
COMO IR EM DIRECÇÃO A UM FUTURO INCERTO?
E pensar a multiplicidade, o emaranhado de tempos. A VOZ MULTIPLICADA
Não é essa outra dimensão de um museu buscando novos sentidos? Que sentidos? Quais os sentidos do não-sentido que o mundo veloz, em curto-circuito de imagens, nos coloca?
Como construir uma consciência comum do mundo?
Um museu dez anos depois… Obras, objectos, procurando compreender as assimetrias daquilo a que chamamos (ainda) Arte;
Dez anos depois, isto:
museu com acções que:
Afirmem irredutivelmente a pluralidade
de nossos corpos e afectos ardendo
na pira funerária da linguagem
No inter, no entre que é toda a relação
AQUI ESTAMOS DEZ ANOS DEPOIS, PARA IRMOS NA ESPREITA DOS PRÓXIMOS DEZ ANOS.
E POR ISSO É QUE:
Há um museu que nunca pode parar de se inventar. Ou se reinventa ou sucumbe.
POR ISSO É QUE:
QUEREMOS o que é vivo e incerto, em lugares próximos e distantes.
um museu-relação, um museu-aberto
Continuar SEM A DOMINAÇÃO SIMBÓLICA do que em si mesmo passou a ter outro significado.
Pensar os objetos que guardamos incorporando as complexidades (e o movimento) de objetos e pessoas.
Os seus trânsitos, e ficções
POLIFONICAMENTE
POLI-FONICA-MENTE
UM MUSEU QUE FOSSE, QUE SEJA, VENHA A SER
como uma constelação
PORQUE VIVE PARA:
o trânsito e o transe do permanecer.
Marta Mestre
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